sábado, 12 de fevereiro de 2011

Mundo

Presidente do Egito deixa o cargo após três décadas
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, deixou o cargo nesta sexta-feira (11), após três décadas no poder. O anúncio foi feito pelo vice-presidente Omar Suleiman, nomeado por Mubarak após o início dos protestos contra o governo, em 25 de janeiro.
- Nessas difíceis circunstâncias que o país está atravessando, o presidente Hosni Mubarak decidiu deixar sua posição na Presidência. Ele encarregou o Conselho das Forças Armadas de dirigir as questões de Estado.

O pronunciamento de Suleiman, na TV estatal, provocou comoção na praça Tahrir, onde milhares de pessoas se reuniam pedindo a saída do presidente. Mubarak, de 82 anos, governava o Egito desde 1981.
Em entrevista à agência de notícias Reuters, Sherif El Husseiny, um advogado de 33 anos, comemorava na praça Tahrir emocionado a saída de Mubarak.
- Eu não acredito que vou ver um outro presidente durante minha vida. Eu nasci durante o mandato de [Anwar] Sadat [antecessor de Mubarak], mas tinha apenas quatro anos quando ele morreu. Eu estou emocionado com as notícias da renúncia de Mubarak. Nada poderá jamais parar o povo do Egito agora. É uma nova era para o Egito.




Veja vídeo com as comemorações no Egito.


Movimento na Tunísia inspirou egípcios

A saída de Mubarak ocorre quase um mês depois que da queda do presidente da Tunísia, Ben Ali, e reforça a crise por que passam regimes autoritários no mundo árabe. Pressionado por manifestações, o líder tunisiano deixou o cargo em 14 de janeiro, após 23 anos no cargo. A chamada Revolução de Jasmim, na Tunísia, inspirou os manifestantes a saírem às ruas também no Egito.
Milhões de egípcios foram às ruas nesta sexta-feira, aumentando ainda mais a pressão sobre Mubarak deixe o cargo, no 18º dia de protestos contra o governo.Pressionado, o governante deixou a capital Cairo e, acompanhado da família, voou para o balneário de Sharm el Sheikh, no mar Vermelho.
O líder da opositor e ganhador do Nobel da Paz, Mohamed ElBaradei, comemorou a renúncia de Mubarak.
- Este é o dia mais importante da minha vida. O país foi libertado após décadas de opressão.
Assim que o presidente deixou o Cairo, muitos passaram a especular que isso significou que ele estava, na prática, entregando o poder para o vice, Omar Suleiman, nomeado por ele após o início das manifestações em massa, em 25 de janeiro.Nesta quinta-feira (10), Mubarak havia frustrado as expectativas dos opositores em todo o Egito, que esperaram durante todo o dia que ele anunciasse a sua renúncia. Em vez disso, o presidente fez um discurso dizendo que se mantinha no cargo e que transferiria "alguns poderes" para o vice. A fala revoltou os manifestantes, que permaneceram reunidos na praça Tahrir, no centro do Cairo.
Presidente buscava saída honrosa

Horas depois da notícia de que o presidente não estava mais na capital, a TV estatal informou que a Presidência faria um comunicado "importante e urgente".
Antes do anúncio da renúncia, o deputado trabalhista israelense Benjamin Ben Eliezer havia afirmado nesta sexta-feira que o presidente egípcio comentou com ele, em uma conversa por telefone na noite de quinta-feira, pouco antes de seu discurso à nação, que está buscando uma saída honrosa.
- Ele sabe que acabou, que é o fim do caminho. Só me disse uma coisa pouco antes de seu discurso, que procurava uma saída.
Ben Eliezer, que até recentemente foi ministro do Comércio e da Indústria de Israel, é considerado o dirigente israelense mais próximo de Mubarak, a quem visitou em várias ocasiões.
Protestos mobilizam até 10% da população

Diferentes estimativas apontam que entre 1 milhão e 8 milhões de pessoas participam de manifestações nesta sexta-feira. Se o número maior estiver correto, isso significa que um em cada dez egípcios saiu às ruas para protestar.
Além da praça Tahrir, tomada pelos manifestantes, a multidão também está próxima do palácio presidencial e da TV pública. As Forças Armadas apenas fazem barreiras para que não haja invasões.
Além do Cairo, há protestos em Alexandria, Mansura, Damnhur, Tanta, Mahalla, Asuit, Sohag, Bani Sawfi, Suez, Port Said e Damietta, informou o jornal britânico The Guardian.