quarta-feira, 23 de março de 2011

Pernambuco

CPI investiga funcionários fantasma em Moreno

A Câmara de Vereadores de Moreno decidiu criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a existência de funcionários fantasmas no município. No último dia 11 deste mês, o NETV 2ª Edição mostrou que um porteiro estava na folha de pagamento da Câmara sem nunca ter trabalhado lá. Agora, surgiu mais um funcionário fantasma: um ex-prestador de serviço da Prefeitura, que nunca trabalhou para os vereadores, também constava como servidor da Câmara de Moreno.

Alberto Souza, de 40 anos, trabalha no Estaleiro Atlântico Sul, em Suape. Ele já prestou serviço para a Prefeitura de Moreno, mas nunca foi funcionário da Câmara Municipal, como alega o INSS. No extrato, um salário de R$ 3,5 mil. “Nunca fui funcionário da Câmara. Na Prefeitura eu trabalhei, mas na Câmara, nunca. E com esse salário de R$ 3,5 mil nunca. Meu salário era de R$ 510”, disse.

Uma história idêntica foi mostrada, no último dia 11. O personagem foi Adriano Rodrigues, vigia de uma escola pública, que também nunca recebeu os R$ 3,5 mil. Adriano descobriu o caso porque a filha tem problemas de coração, e o benefício de assistência social foi negado. De acordo com ele, o dinheiro não saiu por causa do salário errado no banco de dados do INSS. “Quero só o benefício da minha filha. Me colocaram nessa jogada e eu quero meu nome limpo e a filha com benefício”, desabafou.
O chefe do Serviço de Informações de Segurados do INSS, Olacir Luchetta, explicou que é o empregador que manda, pela internet, os cadastros com os nomes dos funcionários e os salários. “Não foi erro do INSS. Nosso banco de dados é alimentado pelas informações que o empregador ou a empresa inserem através de um programa gerenciado pela Caixa Econômica, onde há uma certificação digital e é fornecido uma senha de acesso”, explicou.

Os vereadores de Moreno garantem que as irregularidades não partiram da Câmara e decidiram instalar a CPI para investigar o que aconteceu. O presidente da Câmara, Pedro Mesquita, contou que a empresa de contabilidade que presta serviço para a Prefeitura mandou um ofício, alegando que cometeu um equívoco ao enviar as informações para o INSS. “Eu não acredito em equívoco porque a pessoa não pode colocar o nome de pessoas em outra empresa”, garante o vereador.

No fim da manhã, uma equipe de reportagem da Globo Nordeste foi até a Prefeitura de Moreno. De acordo com o prefeito Edvard Silva, a problema foi provocado pela empresa de contabilidade Agreste Assessoria Contábil. Ele disse também que o valor não foi pago a ninguém e que não houve prejuízo para os cofres públicos.

“Aqui não houve nenhum prejuízo ao erário e a ninguém. Nem que a câmara pagou, muito menos a Prefeitura. A empresa veio aqui, esclareceu o fato, assumiu a responsabilidade. Então, toda a responsabilidade será da empresa”, afirmou o prefeito.
O dono Agreste Assessoria Contábil, Carlos Alberto de Lima Júnior, explicou que tudo não passou de um grande erro de informação da empresa que tem sede em Gravatá. De acordo com ele, os nomes dos dois funcionários, que trabalhavam para a Prefeitura, foram erradamente lotados na Câmara de Moreno, com valores salariais incorretos.

Carlos Alberto de Lima Júnior informou ainda que nenhum dinheiro foi desviado e que enviou documento à Câmara de Vereadores de Moreno e ao INSS admitindo o erro de informação.
Com relação ao caso de Adriano, o INSS informou que, independentemente do erro, ele não terá direito ao benefício de assistência social para a filha. De acordo com a Previdência, a renda familiar dele não é compatível, já que teria que ser de um quarto do salário mínimo. Ele ganha R$ 510.