Exclusão aérea mostra intenção de roubar petróleo da Líbia, diz Kadhafi
Ditador disse em entrevista à rede turca que líbios lutarão contra imposição.
País enfrenta três semanas de confrontos internos.
Os líbios lutarão contra as potências ocidentais caso seja imposto uma zona de exclusão aérea ao país africano, disse o ditador Muammar Kadhafi nesta quarta-feira (9) em uma entrevista ao canal estatal turco TRT. "Se eles tomarem tal decisão será útil para a Líbia, pois aí os líbios verão a verdade, que o que eles querem é controlar o país e roubar o petróleo. Aí os líbios pegarão em armas contra eles", disse Kadhafi, que luta contra manifestações que se tornaram guerrilhas antigoverno nas três últimas semanas.
Kadhafi reagiu à ideia de britânicos e americanos em impor uma zona de exclusão aérea para evitar que aviões atacassem rebeldes antigoverno no país.
Em comentários separados, Kadhafi conclamou líbios do leste do país a retomar o território, dominado pela oposição. Forças leais ao ditador, há 42 anos no poder, têm lutado contra rebeldes no leste, bem como em diversas cidades próximas à capital Trípoli, onde ele tem o controle total.
O presidente norte-americano, Barack Obama, e o primeiro-ministro britânico, David Dameron, concordaram durante uma conversa telefônica em 'seguir adiante com o planejamento, incluindo a Otan, para todo o espectro de respostas possíveis, incluindo a vigilância, assistência humanitária, a imposição de um embargo de armas, e uma zona de exclusão aérea'.

Imagem da rede estatal líbia desta quarta mostra o ditador Kadhafi (Foto: AP)
A televisão estatal líbia também transmitiu falas de Kadhafi ao abordar um grupo de jovens da cidade de Zintan, 120 km a sudoeste de Trípoli. Kadhafi novamente culpou militantes da rede terrorista al-Qaeda no Egito, Argélia, Afeganistão e nos territórios palestinos para a turbulência que assola seu país desde 15 de fevereiro. A televisão estatal transmitiu as imagens nesta quarta-feira, mas não informou quando elas foram gravadas.
Na entrevista à TV turca, Kadhafi disse que não há razões legítimas para uma intervenção estrangeira em seu país, insistindo que a Líbia estava apenas lutando contra a al-Qaeda, como ocorre no Afeganistão ou no Paquistão.
"Se a al-Qaeda controla a Líbia, acontecerá um imenso desastre", disse Kadhafi. "Se eles [os combatentes da al-Qaeda] tomarem este lugar, toda a região, incluindo Israel, será arrastada para o caos. Então, [o líder da al-Qaeda, Osama] Bin Laden pode aproveitar todo o norte da África, de frente para a Europa".
Posição americana
Os Estados Unidos querem que a comunidade internacional defenda uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, disse nesta terça-feira a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.
Os Estados Unidos querem que a comunidade internacional defenda uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, disse nesta terça-feira a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.
Segundo ela, é importante que essa não seja uma iniciativa dos Estados Unidos. 'Queremos ver o apoio da comunidade internacional', disse Hillary à Sky News. 'Eu acho que é muito importante que esse não seja um esforço puxado pelos Estados Unidos, porque ele vem do próprio povo da Líbia. Ele não vem de fora, ele não vem de alguma potência ocidental ou de algum país do Golfo que diz 'isso é o que você deve fazer''.
Ela falou ainda que é importante que a Organização das Nações Unidas (ONU), e não os Estados Unidos, decida o que deve ser feito sobre a Líbia.
Ataques
Forças leais a Kadhafi atacaram nesta quarta os rebeldes que dominam a localidade de Zawiyah, no oeste da Líbia, cercando-os na praça principal com tanques e atiradores de elite, segundo relato de um morador e de um combatente rebelde. Quarenta pessoas morreram no conftonto, segundo um médico.
Forças leais a Kadhafi atacaram nesta quarta os rebeldes que dominam a localidade de Zawiyah, no oeste da Líbia, cercando-os na praça principal com tanques e atiradores de elite, segundo relato de um morador e de um combatente rebelde. Quarenta pessoas morreram no conftonto, segundo um médico.
Enquanto a comunidade internacional ainda hesita sobre como reagir à crise na Líbia, uma contra-ofensiva promovida por partidários do governo conteve o avanço dos rebeldes no leste e nas cidades de Zawiyah e Misrata, no oeste.
Os jornalistas estrangeiros foram impedidos de entrar Zawiyah, 50 quilômetros a oeste de Tripoli, e em outras cidades perto da capital sem escolta oficial.
Rebelde combate nesta quarta-feira (9) em Ras Lanuf, com fumaça de incêndio em terminal de combustíveis ao fundo (Foto: Reuters)
Explosões
O governo líbio e rebeldes trocaram acusações pela explosão de instalações de petróleo no leste do país nesta quarta
O governo líbio e rebeldes trocaram acusações pela explosão de instalações de petróleo no leste do país nesta quarta
Os rebeldes disseram que forças de Kadhafi atacaram um oleoduto em Es Sider e lançaram bombas em depósitos de petróleo na área de Ras Lanuf.
A rede de TV estatal culpou elementos armados apoiados pela rede terrorista da al-Qaeda pela explosão de um tanque de armazenamento, enquanto forças pró-Kadhafi avançaram em Ras Lanuf.
Um integrante do grupo dos rebeldes em Benghazi acusou Kadhafi de estar fazendo 'jogo sujo' atingindo os oleodutos.
Egito
O primeiro-ministro do Egito, Essam Sharaf, compareceu à sede do Conselho Supremo das Forças Armadas do país para participar de uma reunião com um representante do governo da Líbia, informou nesta quartaa a rede de televisão "Al Jazeera".
O primeiro-ministro do Egito, Essam Sharaf, compareceu à sede do Conselho Supremo das Forças Armadas do país para participar de uma reunião com um representante do governo da Líbia, informou nesta quartaa a rede de televisão "Al Jazeera".
A emissora disse que o enviado líbio, um alto oficial das Forças Armadas, chegou em um avião privado que aterrissou na capital egípcia após ter decolado na manhã de hoje em Trípoli.