Chávez chama Lula para mediar crise líbia, mas Planalto pode apoiar intervenção
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, se prontificou nesta quinta-feira (3) a mediar a crise na Líbia. Amigo do ditador Muammar Gaddafi, o venezuelano chegou a cogitar a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na mesa de negociações. Gaddafi diz que aceita, mas a oposição, não. Já o Palácio do Planalto diz que apoiará qualquer decisão da ONU, o que poderá incluir uma intervenção no país.
Chávez propôs criar uma missão internacional de paz com “nações amigas” para tentar mediar a crescente violência na Líbia e evitar uma guerra civil. O governo de Gaddafi diz que aceita a proposta. A Liga Árabe também mostrou interesse.
Por outro lado, a oposição líbia, baseada em Benghazi, já avisou que não negocia com o regime de Gaddafi, segundo o porta-voz do movimento, Mustafá Gheriani.
- Temos uma posição muito clara: agora é tarde, foi derramado muito sangue.
Nesta quinta-feira, um caça voltar a disparar dois mísseis contra a cidade de Brega, onde rebeldes comemoravam a vitória sobre os combatentes do regime de Gaddafi.
O regime já não controla a maior parte do país. Segundo organizações líbias de direitos humanos, cerca de 6.000 pessoas já morreram nos confrontos com a oposição.
Chávez sugere Lula, mas Dilma diz que apoiará posição da ONU
Chávez chegou a propor que Lula lidere as negociações. O ex-presidente, que se encontrou com Gaddafi em várias ocasiões e chegou a elogiar o ditador durante visita à Líbia, ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Na noite desta quinta-feira, o porta-voz da presidente Dilma Roussef, Rodrigo Baena, disse que vai apoiar “todas as medidas que forem adotadas no âmbito da Organização das Nações Unidas [ONU]”. Indagado se esse apoio incluiria até mesmo ações armadas, Baena respondeu: "em todas as situações".
A rede de TV Al Jazeera fez uma análise das boas relações entre países da América Latina com o regime de Gaddafi. Segundo o canal, apenas o "Brasil tem influência diplomática real, que poderia usar na Líbia ou dentro da ONU. Mas, até agora, o gigante sul-americano parece perfeitamente feliz assistindo a crise de camarote".
EUA descartam mediação venezuelana
O governo dos EUA descartou nesta quinta-feira a proposta venezuelana. O porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, disse que "não é necessário que uma comissão internacional diga ao coronel Gaddafi o que ele precisa fazer para o bem de seu país e a segurança de seu povo".
Chávez z acusou os EUA de quererem intervir na Líbia para tomar posse do petróleo do país. A possibilidade de intervenção americana no país também foi criticada por aliados dos EUA, como a Alemanha.
Otan não pretende intervir, mas está atenta
A Otan (aliança militar do Ocidente) informou que não tem nenhuma intenção de intervir na Líbia, mas suas autoridades militares se preparam para qualquer eventualidade, afirmou nesta quinta-feira (2) o secretário-geral, Anders Fogh Rasmussen.
O secretário-geral afirmou ainda que a aliança "acompanha de perto a situação" e leva em consideração o pedido dos opositores ao regime de Gaddafi de uma intervenção aérea estrangeira, mas também destacou que a resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a situação na Líbia não inclui o recurso à força.
Os EUA, por sua vez, já disseram que “todas as opções estão sobre a mesa”. Os americanos também deslocaram dois navios de guerra à costa da Líbia.