terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Mundo

Embaixador da Líbia nos EUA renuncia e pede a saída de Kadhafi


O embaixador da Líbia nos EUA, Ali Aujali, disse nesta terça-feira (22) que ele não representa mais o "regime ditatorial" de seu país e pediu que Muammar Kadhafi deixe o país.
"Eu renuncio a servir o atual regime ditatorial. Mas eu nunca renunciarei a servir nosso povo até que suas vozes cheguem ao mundo inteiro, até que seus objetivos sejam atingidos", disse ele em uma entrevista ao programa "Good Morning America", da rede ABC. "Peço a ele que saia e deixe nosso povo em paz."
Ele se junta a vários outros diplomatas líbios de alto escalão desertaram o regime de Muamar Kadhafi em protesto contra a morte de civis e o uso de força aérea contra os manifestantes na Líbia, cenário de uma revolta popular sem precedentes e que, segundo relato de organizações de direitos humanos e de testemunhas, já deixou centenas de mortos.





O embaixador adjunto da Líbia na ONU, Ibrahim Dabbashi, exigiu a renúncia de Kadhafi, a quem acusou de "genocídio".

A missão diplomática líbia ns Nações Unidas anunciou a ruptura com o regime, explicou ao jornal The New York Times, mas sem confirmar a postura do embaixador Abdurrahman Shalgham, a quem não vê desde sexta-feira passada.
No domingo, o representante permanente da Líbia ante a Liga Árabe, Abdel Moneim al Honi, abandonou o posto para "unir-se à revolução" que tem lugar no país.

Altos dirigentes na Austrália, China, Índia e Malásia romperam relações com o líder líbio, afirmando que a matança foi longe demais e que, para o povo, Kadhafi perdeu qualquer legitimidade.

"Minha renúncia se deve à violência em massa contra civis em meu país", declarou o embaixador líbio na Índia, Ali al Essawi, à AFP.
"Ontem começaram a utilizar aviões para bombardear civis que se manifestavam pacificamente. Isto é inaceitável", acrescentou.

Al Essawi pediu à comunidade internacional e aos membros do Conselho de Segurança da ONU para que imponham uma zona de proibição de voos em seu país, similar à que foi instaurada em 1991 durante a era de Saddam Hussein no Iraque, depois da primeira Guerra do Golfo.
A embaixada da Líbia na Austrália rompeu suas relações com Trípoli, anunciou o conselheiros cultural da delegação, Omran Zwed, ao jornal The Australian.
Na Malásia, os funcionários da embaixada líbia condenou o "massacre" de manifestantes opostos ao governo, e retirou seu apoio a Kadhafi.

"Não somos leais a ele (Kadhafi), somos leais ao povo líbio", declarou o embaixador Bubaker al Mansori à AFP.

Na segunda-feira, um alto diplomata líbio destacado na China, Hussein Sadiq al-Musrati, renunciou a seu cargo durante uma entrevista ao vivo ao canal de televisão do Qatar Al-Jazeera, enquanto eram recebidas informações não confirmadas de que o embaixador líbio em Bangladesh também havia se demitido.
Apesar de uma breve aparição de 22 segundos na televisão na segunda-feira, o poder de Kadhafi se enfraquece. Vários pilotos de combate renunciaram, negando-se a bombardear os manifestantes.